O mistério das coisas, onde está ele? Onde está ele que não aparece Pelo menos a mostrar-nos que é mistério? Que sabe o rio e que sabe a árvore E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso? Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens pensam delas, Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das coisas É elas não terem sentido oculto nenhum, É mais estranho do que todas as estranhezas E do que os sonhos de todos os poetas E os pensamentos de todos os filósofos, Que as coisas sejam realmente o que parecem ser E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: — As coisas não têm significação: têm existência. As coisas são o único sentido oculto das coisas.
Poema «O mistério das coisas, onde está ele?» de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXIX".Partilhe
Informação técnica
Fotografia N.º: 4812 Publicação:2023-08-17 Grupo:Experiências Câmara:NIKON D70 Abertura: f 0 Distância focal: 0 mm Velocidade do obturador: 1/200 sec Flash: Não Disparado
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