Havia no jardim do parque grande, um pavão muito diferente dos outros. Enquanto os seus irmãos desfilavam com as penas abertas, exibindo-se para quem passava, o Pipo era um pavão envergonhado, só queria uma coisa: esconder-se!

Sempre que via alguém a aproximar-se, o Pipo corria para trás dos arbustos, enfiava a cabeça entre a folhagem e deixava apenas as pernas à mostra. Os outros animais riam-se:
— Pipo, és um pavão! Tens de te mostrar! — dizia um esquilo.
— Como vais encontrar uma companheira se ninguém te vê? — brincava um pato.
Mas o Pipo corava tanto ao pensar nisso que ficava ainda mais escondido.

Um dia, uma menina chamada Clara passeava pelo parque e viu algo curioso: duas pernas finas sob um arbusto vermelho e um brilho azul entre as folhas. Com cuidado, afastou os galhos e sussurrou:
— Olá, pavão! Porque te escondes?
O Pipo espreitou, desconfiado. Nunca alguém lhe tinha falado assim, com tanta doçura. Pela primeira vez, abriu um bocadinho as penas e a Clara ficou encantada.
— Uau! As tuas cores são lindas! — disse ela.
O Pipo sentiu algo novo: em vez de vergonha, um pequeno orgulho começou a crescer. No dia seguinte, tentou sair um pouco mais do esconderijo. E no outro, abriu as penas um bocadinho mais. Até que, um dia, sem perceber, já desfilava pelo parque, exibindo-se como os outros.

Às vezes, basta um olhar gentil ou uma palavra amiga para nos fazer brilhar.
:-)

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